Twittar é filosofar?
Reginaldo cresceu numa favela e apaixonou-se por Filosofia. Até aos 25 anos era analfabeto e trabalhava indo de porta em porta nos bairros ricos, onde recolhia coisas de valor nos caixotes de lixo. Um dia encontrou um livro rasgado que começou a folheá-lo atentamente. O dono da casa viu-o e perguntou-lhe o que estava a fazer, tendo Reginaldo respondido que estava a tentar entende-lo. O livro continha parte do diálogo do discurso sobre o julgamento de Sócrates. O senhor, um professor reformado de Filosofia ensinou Reginaldo a ler, e juntos falaram sobre Platão. Reginaldo ainda vive na favela e lidera os debates na zona. Este é o projeto que Sócrates iniciou: convidar os cidadãos, independentemente dos seus antecedentes ou circunstâncias sociais, a fazerem perguntas difíceis sobre como devemos viver juntos. No momento em que a democracia enfrenta tempos obscuros, fazer esse tipo de perguntas é a nossa maior esperança para melhorarmos o mundo em que vivemos.
Em 2008 estreou um filme “A Turma”, de Laurent Cantet, que decorre numa
escola pública suburbana, onde um professor pergunta a cada um dos alunos o que
é que ele aprendeu durante o ano escolar, e um deles responde que foi a
“combustão” e explica do que se trata. De seguida o docente pergunta-lhe porque
é que essa aprendizagem foi importante, ao que o aluno responde: “sei lá, se o
professor nos ensinou, é porque é importante”. Outra aluna perante a mesma
pergunta diz que não aprendeu nada e que o livro que mais gostou de ler, mas
que não faz parte da matéria, foi a “República”, de Platão. Um currículo
escolar deverá ser mais do que um conjunto de matérias que se acrescentam ou
retiram.
https://www.youtube.com/watch?v=OuBWk9JQ4nk
http://blog.tiching.com/twittear-es-filosofar/
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